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Acompanhamento pós-parto (puerpério)
A gestação é um período repleto de transformações, mas você sabia que o pós-parto também vem acompanhado por novas mudanças? Esse período após o bebê nascer é conhecido como puerpério, resguardo ou quarentena, e é um momento muito delicado para a mulher.
Tanto o corpo quanto a mente são afetados nessa fase, que pode ser marcada por uma montanha-russa de emoções. Por isso, o apoio da família, amigos e o acompanhamento com a obstetra são fundamentais para que esse início de maternidade seja tranquilo e repleto de amor, da forma como deve ser. Nos acompanhe nessa leitura e entenda um pouco mais sobre o que esperar durante o período pós-parto.
O que é o puerpério
Puerpério é o nome adotado para designar a fase subsequente ao parto, na qual a mulher passa por diversas mudanças corporais e emocionais. Esse período pode ser bastante desafiador, afinal, além das transformações internas, a nova mamãe ainda precisa atender as necessidades do bebê, tornando-a ainda mais frágil.
É importante lembrar que, durante o puerpério, a produção hormonal cai bastante e os órgãos internos começam a voltar ao estado em que estavam antes da gravidez, e isso leva tempo. Ou seja, tente entender os sinais que o corpo dá e tenha paciência.
Em geral, essa fase se divide em:
- puerpério imediato, que ocorre do 1º ao 10º dia após o parto;
- puerpério tardio, que se dá do 11º ao 42º dia após o parto;
- e puerpério remoto, que acontece a partir do 43º dia após o parto.
O que acontece com o corpo no período pós-parto?
Fisiologicamente falando, o corpo da mulher se concentra na retração e contração da musculatura do útero, e isso acontece principalmente nas 24 horas após o parto. Isso significa que a região está tentando voltar ao estado normal, reduzindo o seu tamanho – que pode chegar a 32 cm durante a gestação e diminuir para 7 cm depois do nascimento.
No hospital
Logo depois de dar a luz, a mamãe é monitorada de perto por, pelo menos, uma hora. Além disso, a equipe verifica sua frequência cardíaca, temperatura e pressão arterial constantemente. Alguns dos cuidados essenciais nesse período envolvem:
Perda de sangue – para evitar o sangramento excessivo, podem ser feitas massagens abdominais e também a administração de ocitocina. Quando ocorre perda de sangue acentuada, pode ser feito um hemograma completo para detectar possível anemia antes da alta hospitalar.
Produção de urina – a sensibilidade da bexiga pode diminuir após o parto, que pode ficar cheia de urina sem a mulher perceber. Por isso, é indicado que ela vá ao banheiro em intervalos regulares, evitando eventuais infecções. Também pode ser utilizado um cateter no caso de a mamãe não conseguir urinar sozinha.
Constipação – para evitar esse problema, a mamãe é incentivada a evacuar ainda no hospital, diminuindo os riscos de prisão de ventre e o surgimento ou piora de hemorroidas.
Depois da alta, em casa
Em geral, as mamães e seus recém-nascidos recebem alta em um prazo de 24 a 48 horas no caso de parto normal, ou 96 horas (quatro dias) em caso de cesariana. Nesse primeiro momento, é normal que a mulher apresente alguns sintomas, como citaremos a seguir.
Secreção vaginal: nos primeiros dias de puerpério, a mãe precisa utilizar um absorvente pós-parto. A secreção costuma ser sanguinolenta por três a quatro dias, depois passa a uma cor amarronzada e, depois de duas semanas, fica branco-amarelada. É normal que essa secreção permaneça por até seis semanas, mas se for em grande quantidade ou persistir por muito tempo, é preciso entrar em contato com a sua obstetra.
Dores na área genital: dor e ardência ao ir ao banheiro, sensibilidade e inchaço são normais nos primeiros dias de pós-parto.
Hemorroidas: durante o parto, a mulher faz muita força e isso pode causar ou piorar as hemorroidas. Para aliviar a dor, a mãe pode usar géis anestésicos e fazer banhos de assento.
Mamas inchadas: nos estágios iniciais da lactação, é normal que as mamas fiquem maiores, firmes e doloridas por terem muito leite acumulado. Falaremos mais sobre esse tema no tópico “Amamentação no pós-parto”.
Contrações abdominais: o útero, que está progressivamente voltando ao seu tamanho normal, causa contrações irregulares e que podem ser bem doloridas. Elas são mais incômodas durante as primeiras duas semanas de pós-parto.
Barriga inchada: mesmo com o parto e o útero voltando ao tamanho reduzido, a barriga tende a seguir arredondada por vários meses, por isso, se você fizer exercícios e o abdômen não ficar plano, tranquilize-se, isso é normal. E é importante ressaltar que, após o parto, a mamãe costuma perder, no máximo, 5,0 kg (que representa o peso do recém-nascido, placenta e líquido amniótico).
Amamentação no pós-parto
Assim que a mamãe dá à luz, vai perceber as mamas inchadas e doloridas, pois a produção de leite começa a todo o vapor. Esse período inicial pode ser bem desconfortável e se prolonga até o organismo ajustar a lactação de acordo com as necessidades do bebê.
Mas sabemos que nem todas as mulheres podem amamentar, por isso, listamos alguns cuidados pertinentes em cada caso e que ajudam a diminuir o desconforto da produção exagerada de leite. Confira a seguir.
As mamães que não vão amamentar podem:
- usar sutiãs mais justos, pois eles ajudam a reduzir a produção de leite;
- aplicar bolsas de gelo nas mamas para aliviar o desconforto e o inchaço;
- tomar analgésicos (desde que com supervisão médica);
- evitar a extração manual de leite, já que isso pode induzir o organismo a produzir ainda mais.
As mamães que vão amamentar podem:
- amamentar regularmente para reduzir o leite nas mamas;
- usar sutiãs mais confortáveis e firmes durante todo o dia;
- quando for extrair leite manualmente, fazer isso sob água morna;
- usar bombas de extração entre as amamentações.
Lembrando que o leite materno é um alimento completo, nutritivo e que protege o bebê contra várias doenças e alergias, prevenindo problemas como asma, desnutrição e contratempos dentários. Ele é o único alimento necessário durante os primeiros seis meses de vida da criança.
A mãe também pode amamentar sempre que o bebê tiver fome, não é preciso definir horários certos. Também é ideal que a criança esvazie a mama antes de passar para a outra. E na hora da higiene, o peito pode ser limpo apenas com água, nada de sabonete ou pomadas.
Depressão pós-parto
No chamado “puerpério emocional”, é comum que a nova mamãe se sinta mais triste, irritada, temperamental e ansiosa. Também podem surgir a dificuldade de concentração e os problemas de sono – insônia ou dormir demais. O perigo é quando esses sintomas começam a atrapalhar a vida da mulher e os cuidados com o bebê, já que a depressão pós-parto é um quadro relativamente comum.
Portanto, se depois de duas semanas pós-parto a mulher apresentar tristeza extrema, choro frequente, variações de humor e irritabilidade, é indicado que procure a ajuda de um médico.
Acompanhamento obstétrico no puerpério
Como você pôde perceber, o período de pós-parto (puerpério) é repleto de transformações e, por isso, é essencial que a nova mamãe siga com o acompanhamento obstétrico. Em geral, esse cuidado mais próximo segue por aproximadamente seis meses, e é essencial para ajudar na retomada de métodos contraceptivos, incentivo ao aleitamento materno e atenção com a saúde da mãe e do bebê.